Depoimento feito no ano de 2005
Meu nome é Claudia, sou mãe de uma
princesinha, linda e especial chamada Amanda, atualmente com 10 anos de idade e
que ainda não tem um diagnóstico definido.
A Amanda foi uma criança muito esperada
e planejada.
Namoramos, noivamos durante 07 anos, e
casamos no dia 19 de Julho de 1997, resolvemos que ficaríamos 01 ano sem pensar
em engravidar, para podermos curtir o casamento e nos estruturar para receber
uma criança em nossa vida. Após 01 ano, a ansiedade de engravidar era tanta que
todo mês fazia o teste para saber se estava grávida. Foi 01 ano de
tentativa e o médico, conversou comigo, para eu deixar a ansiedade um pouco de
lado, que iria acontecer naturalmente, pois nem eu nem meu marido, tínhamos
nenhum problema. Realmente quando eu parei de ficar obcecada pela gravidez,
aconteceu.
Fiz o exame de sangue e deu positivo.
Foi uma felicidade muito grande para nós (eu e meu marido) e também para
família inteira.
Até o terceiro mês, fiquei em repouso,
pois tinha tido um pouquinho de sangramento, e como a minha lavanderia era na
parte de cima, não podia ficar subindo escadas, também contei com a colaboração
de minha irmã Caren (que sempre ajudou e ajuda nas horas mais difícil).
Passando o terceiro mês, fiz o repouso
direitinho e tudo se normalizou.
Todo mês fazia o pré-natal direitinho,
e era muito emocionante ouvir o coraçãozinho do bebê batendo.
No quarto mês, fomos fazer o ultra-som,
e o especialista que fazia o ultra-som, nos perguntou? Vocês querem saber o
sexo do bebê?
Então respondemos que sim. Ele falou
com precisão que era uma “menina”. Fiquei mais feliz ainda, pois sempre quis
ter uma filha e o sonho do meu marido, também era uma menina. Ao sair da
clínica, fomos em uma livraria comprar uns daqueles livros, onde tem nomes e
significados. Escolhemos vários, más o que mais nos agradou foi “Amanda” que
significava “que veio para ser amada por todos e por Deus”. Resolvemos então
que nossa princesinha se chamaria “Amanda”.
Ao fazer o ultra-som ela colocava a
língua toda hora para fora da boca, e o especialista nos disse que era costume
dela, assim como outras crianças tem o costume de chupar o dedo.
Minha gestação foi ótima, conversava
toda noite com ela, cantava, fazia massagem e demonstrava muito carinho e amor.
No oitavo mês, comecei a ficar com
pressão alta devida o aumento do peso.
No dia 05 de dezembro, meu marido saiu
de férias do serviço, para curtirmos o nascimento dela, e pagarmos o médico
para fazer o parto e o hospital particular, para eu poder ficar com acompanhante
no quarto.
No dia 15 de dezembro á noite, comecei
a sentir que ela se mexia bastante na minha barriga. Passei a noite toda com
esta agitação, sem dor alguma, más incomodadas. Quando foi 05h00min horas da
manhã, resolvi ligar para o meu médico, para explicar o que estava acontecendo,
então ele pediu para eu ir para o consultório dele as 10h00min. Fui chegando lá
ele me disse que eu deveria me internar, pois não tinha passagem, e a criança
era grande e devendo me submeter a uma cesariana.
Internei as 11h00min da manhã, más o
médico fez o parto as 17h00min. Eu acho que ele atrasou muito, por isso a
Amanda tem estes atrasos, mas devidos exames realizados, os médicos falam que
este não é o motivo dos atrasos dela. Sempre fica está dúvida e revolta na
minha cabeça, pois o médico já estava pago desde o iniciou do mês.
Ela nasceu dia 16 de dezembro de 1999,
com 3.900 kilos e 51 centímetros, bem forte, saudável e gordinha.
Ela não chorou na hora que nasceu então
o pediatra teve que dar um tapinha nela para ela chorar, os médicos dizem que
não faltou o oxigênio para ela, pois nem na incubadora ela precisou ficar e
teve alta junto comigo.
Tivemos alta no sábado e fomos para
casa.
Ao chegar em casa tivemos uma surpresa:
Na entrada de casa tinha uma faixa escrito” PARABÉNS Claudia e Paulo e seja bem
vinda Amanda, de seus tios, tias e vovó “.
Entramos em casa emocionados, e o
quartinho dela estava lindo, bercinho montado e todo decorado com lençol e
protetor de berço do mesmo tema “ursinhos”, que minha mãe Anatalia e minha
cunhada Rúbia arrumaram.
O quarto estava pintado de amarelo
clarinho, que dizem que acalma o bebê e também papel de parede de ursinhos.
Fiquei o dia inteiro com muita dor na
nuca, devido à pressão alta, então resolvemos ir para casa da minha mãe.
A Amanda nasceu com aquele costume de
ficar com a língua para fora da boca quase que o tempo todo. Isso nos preocupou
então a levamos a um pediatra com 05 dias de vida, que nos encaminhou para um
neurologista. Com 09 dias ela passou com um neuro que mediu a cabeça e examinou
para verificar se tinha algum problema neurológico, más graças a Deus “era
somente costume” que até hoje continua.
Os meses foram se passando e notamos
que a Amanda tinha muita saúde, más era um pouco lenta em relação às crianças
da idade dela, como sentar, expressar sorriso, atenção.
Ao completar 01 aninho, sua festa foi
linda, o tema foi “Branca de Neve e os 07 anões”.
Minha mãe (Vovó Anatalia) é uma
baixinha danada e muito criativa, que resolveu confeccionar a roupa da Branca
de |Neve para Amanda e mais 07 roupinhas para os anõezinhos com direito a barba
e peruca. Foi muito lindo, antes de cortar o bolo, ela escolheu 08 crianças que
estavam na festa, para ser os 07 anõezinhos e um menino para ser o
príncipe.
Quando todos já estavam vestidos,
inclusive a Amanda, o CD da historinha começou a tocar e os anõezinhos entraram
cantando como se fosse um teatrinho ensaiado.
A Amanda havia ganhado de seus
padrinhos um cadeirão, onde ela ficou sentadinha ouvindo a historinha rodeada de
priminhos e amiguinhos.
Com mais ou menos 01 ano de 02 meses
ela ainda não andava sozinha, então começamos a fazer fisioterapia. Próximo de
seus 02 aninhos ela ainda não andava sozinha, então a neurologista encaminhou
para especialista em genética (geneticista) em São Paulo, para estudar o motivo
do atraso. Ela começou a andar sozinha com 02 anos e quatro meses.
Começamos a passar com geneticista e
especialista de Erros Inatos do Metabolismo do “Hospital São Paulo”, que depois
de muitos exames solicitados e feitos, sem nenhuma alteração, todos com
resultados normais. Chamaram-me e falaram que eles não sabiam mais o que fazer
ou pedir, sendo que todos os exames que eles pediram os resultados davam
normais, então os seus estudos estavam encerrados, pois eles não tinham mais
recursos e não sabiam mais o que fazer.
Saí da clínica, confesso que sem chão,
pois estava confiante que conseguiriam descobrir o que minha filha tinha que
justificasse um atraso neuropsicomotor e ausência da fala e linguagem até o
momento.
Conversei com a assistente social do
convênio sobre o caso, então eles me encaminharam para uma geneticista
particular ( Dra. Mirlene), paga pelo convênio, fui na esperança
,(que durou pouco tempo), pois ela fazia parte do grupo de estudos genéticos do
Hospital São Paulo. Quando com quase 03 anos, uma vizinha minha chamada Dorcas
Elaine, conversou comigo e falou se não seria interessante, fazer a matrícula
da Amanda em uma escolinha especial. No início confesso que na minha cabeça,
ficou cheio de perguntas como por quê? Ou será. Será que seria bom para o
desenvolvimento dela ficar convivendo com crianças com limitações como a dela
ou até mais comprometidas? Na minha cabeça ficava a pergunta se ela não
começaria a imitar atitudes que ela presenciaria como autistas e outras. Mas
parei para pensar melhor, e fiquei envergonhada, pois estava sendo muito
protetora e ao mesmo tempo preconceituosa.
O nome dela foi dado na escola EMEFES
“Prof.Darcy Corrêa Gonçalves” e para a minha alegria, foi chamada para triagem.
Começou a freqüentar a escolinha de estimulação, que eu dou graças a Deus toda
noite, pelo carinho, amor, dedicação e atenção que ela recebe dos profissionais
que ali trabalham. Profissionais estes capacitados com carinho, amor e estudo,
para enfrentar cada dificuldade que ali eles enfrentam com as crianças.
Neste primeiro ano de “Darcy”, ela participou da miss caipirinha da
festa Junina, onde quase todos da família foram prestigia-la na sua
festinha. E para nossa surpresa e felicidade, ela ganhou como miss caipirinha.
Ela vibrou, pois adora uma festa.
Sua primeira professora foi à tia “Ju”,
carinhosa, calma, amorosa, que a Amanda adorava e aquele medo e preocupação que
tinha ao deixa - lá longe de meus olhos, estavam desaparecendo. Apesar de ser
apenas 01 hora de estimulação em 03 vezes por semana, a qualidade do
atendimento era ótimo, com atendimento individual para cada criança.
Chegou à primavera, e ela também ganhou
como “miss primavera”, foi uma festa muito bonita, alias todas as festinhas que
eu participei nesta escolhinha sempre foram muito bem organizadas.
No ano seguinte, fiquei super contente,
pois a diretora “Dalva” me falou que havia montado uma salinha de aula nova,
onde a Amanda ficaria das 08h00min ás 10h00min todos os dias da semana. Fiquei
muito feliz, pois gostaria muito que ela ficasse brincando com outras crianças,
pois não tem irmãozinho, é filha única, devido o seu atraso no desenvolvimento
e ainda não definido de onde vem, conforme conselhos de especialistas em
genética que acompanham o caso, pediram para evitarmos outra gravidez, até
porque nós (eu e meu marido) optamos em dar o melhor para Amanda, onde a maior
parte do tempo, eu me dedico á leva-la em terapias como: fisio, fono,
equoterapia, natação e tudo aquilo que me falam que pode ajudar no seu
desenvolvimento, com intuito de fazer que ela seja o mais independente possível
futuramente.
Infelizmente não deu certo a Amanda
ficar na sala de aula, como havíamos planejado, pois perceberam que ela tinha
um hiperatividade alta, e não conseguia ficar sentada ou parada muito tempo no
mesmo lugar.
No dia da reunião que a professora
Adriana e Roberta me falaram isso, caiu no choro, pois era uma preocupação
maior na minha cabeça.
Fui para casa dirigindo o carro
chorando, e quando cheguei em casa, minha mãe pensou que havia batido o carro,
pois, não conseguia nem falar.Quando me acalmei, falei para minha mãe que a
Amanda voltaria para a estimulação. Na minha cabeça ela tinha regredido mais
tive a prova que aqui nesta escola existem profissionais que entendem do
assunto. E realmente o progresso da Amanda seria voltar para estimulação, onde
ela teria o atendimento individual. Foi ótimo, pois encaixaram o horário da
estimulação dentro do horário da refeição das crianças (recreio), e ela começou
a tentar se alimentar com a colher, pois eu ou minha irmã somos quem damos sua
refeição. A partir deste estímulo todas as vezes que iríamos dar comida a ela
pegava a colher, para tentar comer.
Achei muito importante este estímulo,
só que o ano se encerrou e no ano seguinte, mudou toda a direção da escola e
ela não mais participou desta estimulação no horário do recreio, embora eu
tenha explicado e enfatizado a importância deste estímulo. Atualmente ela nem
pega mais na colher sozinha.
A Amanda evolui muito na escolinha e o
que eu mais almejo no momento é que ela consiga ter mais tempo de concentração
e atenção para poder ficar mais tempo na sala de aula.
Gostaria de aproveitar a oportunidade
para reinvidicar às autoridades, mais escolas especiais, sejam elas:
municipais, estaduais ou mesmo particulares, pois estou enfrentando uma
barreira enorme em busca de escola particular que receba uma criança especial,
só que até o momento não encontrei nenhuma que tenha especialização.
Acho importante mencionar neste
relatório que nós pais temos que ouvir e debater com outros pais, nossa
vivência. Foi muito importante para mim, ouvir alguns depoimentos de pais de
filhos especiais.
Houve um período que eu quase fiquei
obcecada em busca de um diagnostico para minha filha, tudo que me falavam, eu
ia atrás, foi muito bom, pois serviu para entender melhor a vida e me
conscientizar que todo mundo tem problemas, precisamos somente, saber resolve-los.
Quando a Amanda tinha 05 anos, a
diretora da escola “Dalva”, conversou comigo para montar um site dela com fotos
e resultados dos exames, com intuito de divulgação para faculdades e médicos,
em busca de um diagnóstico, más foi ótimo o retorno no sentido de aumentar
minha auto estima, vontade de continuar na luta em ajudar a minha filha e
também outras mães para incentivar a nunca desistir, pois o caminho as vezes é
muito difícil, más não impossível, pois Deus nos confiou e enviou uma criança
tão especial e amada.
Bom, quanto a parte médica, ela
continua em estudo genético na USP, no departamento de síndromes e neurologia.
Atualmente faz fisioterapia para alongar os músculos da panturrilha, pois tem o
costume de andar na ponta do pé, e se não fizer fisioterapia, poderá dar
encurtamento no tendão. Faz fono, pois tem um grande comprometimento na fala e
linguagem, e também não tem mastigação, ela engole a comida. Faz equoterapia
para o equilíbrio, e aurículo-terapia para baixar sua ansiedade.
Continua fazendo estimulação 01 hora
por dia, 03 vezes por semana, com a professora Márcia Raquel, professora esta
; maravilhosa, carinhosa, experiente que a Amanda adora, transmitindo a ela
muita tranqüilidade e calma, parecido com o carinho e paciência que sua avó
Anatalia transmite a ela.
Até os 06 anos ela tinha insônia quase
toda noite, trocando o dia pela noite, um sono muito difícil. Devido esta
insônia, houve um período em nossa vida, que eu pensei que nosso casamento iria
se acabar, más o “amor”, carinho, companheirismo e respeito que temos um com o
outro, não deixou que isto acontecesse. Somente agora no mês de março deste
ano, um neurologista receitou um calmante para ela dormir, então faz somente
três meses que descobri o que é dormir a noite inteira. Graças ao Dr. Sergio
neurologista e minha tia Zana que foi quem marcou a consulta.
Sua hiperatividade é altíssima, não tem
parada e pouquíssimo tempo de atenção e concentração, mas tenho fé que devido o
tratamento que iniciamos há três meses atrás com remédio para concentração e
atenção este tempo irá dobrar, com fé em DEUS.
Também não posso deixar de mencionar a
força que minha mãe Anatália, minha irmã Caren, dá nesta caminhada tão longa e
com vários obstáculos que graças a DEUS nós estamos superando
com muito sucesso. Agradeço também a compreensão, dedicação, paciência, carinho
e amor que o meu marido Paulo tem comigo e com a Amanda.
Hoje entendo o verdadeiro significado
da seguinte frase: “DEUS não dá um fardo maior do que podemos
carregar”, às vezes as dificuldades são grandes, mas o amor, o carinho e a fé
em DEUS, fazem com que superemos mais uma dificuldade.
Para finalizar este relatório, gostaria
de dizer também, que não é só nós pais de filhos especiais que somos escolhidos
por DEUS, e sim os professores e educadores da escola Prof. Darcy
Correa Gonçalves também, porque o amor e a dedicação que eles tem com nossos
filhos, nenhum salário paga.
Obrigado a DEUS e
todos os profissionais que ajudam minha filha dia após dia.
Este é apenas o começo de uma
vida longa de uma garotinha muito esperada e amada, por isto o nome dela é
AMANDA.
Seus pais Paulo França Moreira e
Claudia Regina Ferreira Moreira, dedicam a ela todo o amor do mundo.
Olá, Claúdia!
ResponderExcluirContar sobre a sua linda filha não deve ser uma situação fácill....no entanto tanta dedicação e amor com que faz nos deixa mais comovidos e mais além, tudo tem um porquê. Tudo o que temos são nossos filhos, perfeitos e sadios... e são nossos! Há momentos que sentimos inutéis e fragilizados. Mas,... depois respiramos e colocamos os pés no chão, e novamente seguimos em frente.
Tenha a certeza que você está no caminho certo ...e a sua filha é Linnnnda!
Tenho uma filha que por coincidencia nasceu no mesmo dia que a Amandinha (16/12/96). e é diagnosticada com encefalopatia com paraparesia nos membros inferiores e o lado esquerdo (braço). Ela possui um blog chamado " Visão do mundo por Rebeca" onde ela expõe tudo que aprende ou lê.
Estou muito grata por você ter contado a História da Amandinha...e também acho que os nossos governantes deveriam dar mais valor, e criar mais escolas com profissionais capacitados ou entidades que nos ajudem na formação de nossas crianças
PS. A minha filha é aluna da professora Ana Maria Caló.
Com fé no nosso Querido Bom Deus, ele sempre estará nos protegendo e nos guiando.
Abraços
Mãe: Fany Miti
Uau amiga! Fiquei emocionada com sua história. Sua filha é anjo na sua vida e vc anjo na vida dela. Que Jesus cuide de vcs e Amandinha venha a te trazer muitas alegrias...
ResponderExcluir